quarta-feira, maio 17, 2006

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me cega são os olhos.

São como lagoas cristalinas,
Ou a imensidão do universo,
Ou talvez luas traquinas,
Revirando meu mundo ao avesso.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me provoca fome é a boca.

Larga, como uma cesta de fruta,
Oferecendo seus lábios frutuosos,
Em forma de coração para que desfruta
O dançar de línguas afectuosos.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me ensurdece são os Ouvidos.

A magia das bobagens ao ouvido ditas,
Sussurros de amor, sensações estimuladas,
Palavras simples ou até mesmo interditas,
Arrepios soltos, invasões articuladas.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me segura são os Cabelos.

Cabelos são ondas, são devaneios,
Trazem a brisa para eu navegar,
Tal como as crinas, são freios,
Quando me encontro a ofegar.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me sustenta é o Pescoço.

Leito de mil mordidas e mil beijos,
Onde nasce a voz que reclama o desejo,
Pilar de fragrâncias escondidos,
Torre de marfim, santuário de meu festejo.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me apega são os Seios.

Adoro quando se libertam de seus cativeiros,
Quando se erguem de bicos rijos e febris,
De novo entregando-se às mãos, prisioneiros,
Ofertando redondas maciezas belas e gentis.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me dá vida é o ventre.

Esse vale místico de fertilidade,
A ligação umbilical da humanidade,
Afrodisíaco leito de minha insanidade,
Planície infinita de minha felicidade.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me prende são as mãos.

As mãos de uma mulher são poesia,
Seus dedos, bailarinas de fantasia,
Bailando provocam-me arritmia,
Deixando-me entorpecido ou em extasia.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me deslumbra são as costas.

Contemplar umas costas descobertas,
É maravilhar-se com a doçura,
São como persianas entreabertas,
Mostrando sua alma natura.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me faz correr são as pernas.

Se torneadas por Deuses desconheço,
Mas são magníficas torres de seda,
E tropeço perante, porque enfraqueço,
Perante a mais bela visão recriada.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me calca são os pés.

Se dourados pelo Sol lembram-me
Folhas alaranjadas simulando o Outono,
Se as cores se lhe evaporam,
Lembram-me flocos de neve,
Ou pétalas bailando ao vento.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me endoidece é o seu quadril.

As nádegas, são Montes de ternura,
É a eterna formosura,
Que em momentos de penúria,
É o regalo da fartura.

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me aprisiona são as coxas.

Se entre duas coxas imobilizado,
Deixo de ser civilizado,
Desbravo esse teu império,
Até às portas de teu mistério!

Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me subjuga é o seu sexo.

Já não gosto deles guedelhudos imagine,
Lembram-me a barba do Aiatolá Khomeini,
Gosto rentinhos ou que me lembrem Lenine,
E que aparentem o núncio Buccarini.

Libertando-me escraviza-me de facto,
Nesse mistério me rende fiel,
Mas o que me envolve de facto,
é a sua alma de Mel.



Foto de:
A Brito

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