sexta-feira, maio 12, 2006

O Poder das Palavras vs Poder das Armas

Aqueles que nos governam, são patronos da patifaria, do cinismo, corrupção, são também genocidas, uns autênticos filhos da puta, pois não me recorda, que anjos tenham governado o mundo.

Esses, a quem a juventude foge, tornam-se exímios na manipulação de ideais, toldam sem escrúpulos a juventude, tornam-nos autenticas marionetes nesse jogo de poder, em que a vida dos outros nada significa, nem mesmo números.

O que significa 50000 mortos aqui, 6 milhões ali, 100 milhões acolá.
Nada, absolutamente nada.

De vez em quando, representam ao tentar furjar sentimentos, que também são humanos e que ficaram chocados ao ver a foto de uma criança com perna e braço amputado, ainda que isso não bastasse com o triplo de orifícios que a natureza lhe doara.

Mas em seguida desdobram-se em telefonemas com algum requinte sadomasoquismo, para o centro de operações a perguntar porque é que os bombardeamentos são pouco efectivos.
É que essas fotos chocantes são apelidadas de danos colaterais. Danos colaterais?
Danos colaterais, bem... depende da linha em que nos encontrar-mos. É que tenho ouvido falar em terrorismo.

Mas deve ser a mesma coisa, devem empregar estes sinónimos por uma questão cultural. Quando provocado pelo ocidente é dano colateral, quando provocado pelo que fica fora do ocidente é terrorismo.

Sim, tenho a certeza que é a mesma coisa.

E na frente, jovens imberbes, e menos imberbes, manipulados até ao tutano, embriagados pelo medo, ou seduzidos pelo tenebroso, capazes do comer e de se divertir entre sangue jorrado das suas próprias vitimas.

A guerra é uma verdadeira erva daninha para a humanidade.
E dizemos que somos Civilizados, nós que promovemos o culto da morte, tornamos por força inocentes em homicidas e tudo isto com declarações de boas intenções.

Mas as nossas acções são como sementes, e no final ainda iremos colher aquilo que semeamos, com um gosto muito amargo.

Sinceramente eu não aprovo e sinto mesmo nojo do terrorismo, tanto o deles, como os nossos danos colaterais. No fundo até considero que eles são muito mais corajosos que nós. Dominamos a tecnologia, temos uma capacidade bélica 1000 vezes superior, e no entanto é com certo respeito que assisto um terrorista a explodir-se em nome da sua causa.

Tal como os gatos, que perante uma ameaça, vão recuando até um determinado momento, porque podem, e desatam aos pulos ou atacam, apenas porque não podem mais fugir, é assim que vejo o terrorismo.
É a única alternativa em desespero na luta pela liberdade e dignidade. E esse desespero fomos nós que criamos, e que se vira hoje em dia contra nós.

”Por isso morrer por morrer, que seja com alguns inimigos para os acompanhar pela longa marcha até... ao céu?” - Devem eles pensar assim.

Também nós temos uma expressão similar, “Perdido por um, perdido por mil”. É a mesmíssima coisa, quando em causa colocam a dignidade de um homem. Antes morrer que submeter-se à escravidão.

Nós, eu, tu, ele, também somos culpados.
Nós consumimos a violência com uma certa aberração, adoramos ler/ver artigos/tv de tortura, humilhação, suspeitas infundadas, transgressões, burlas, da fulana Y que colocou os cornos ao funano X, nós adoramos estas merdas, não por gostar delas, ou talvez sim para alguns, mas porque são simplesmente magnéticas.

Viva o império da violência.

A humanidade simplesmente está louca, e nós cada vez mais fracos. Pois civilizadamente não somos capazes de colocar ordem em nossas casas, não somos capazes de dizer basta, ou por falta de meios ou por falta de coragem, ou porque temos medo de perder a pouquissíma miséria que guardamos. Não nos conformamos nem nos revoltamos.

Apenas quando formos agredidos, ou espancados, roubados… (isso já somos e também nada fazemos contra), até parece que gostamos e sempre fica um tema de conversa para o dia seguinte.

- Aquele filho da puta é um ladrão…onde já se viu… enfim as mesmas merdas de sempre. Eu tenho mais palavrões, mas estes são empregues culturalmente por todos nós.

Verbalizava eu, apenas quando na rua nos esbarrarmos porque a casa foi leiloada, quando a fome apertar, quando já nada tivermos a perder, então aí, os ignorantes se revoltam, acabando por cometer o mesmo crime que antes condenávamos.

E com o passar do tempo, como dizia o Fernando Pessoa,
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”,

com humildade digo:
-Fernando, devias ter acrescentado, mudam-se os hipócritas, mudam-se os filhos da puta também.

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